O Que É Amiloidose e Como Ela Afeta o Corpo?

A amiloidose ocorre quando proteínas anormais se acumulam em órgãos e tecidos. Os sintomas variam conforme o tipo e a região afetada, podendo incluir desde fadiga até inchaço ou dificuldades respiratórias. Esta visão geral destaca os principais sinais de alerta e pontos de diagnóstico que devem ser observados.

O Que É Amiloidose e Como Ela Afeta o Corpo?

Quais São os Primeiros Sinais e Sintomas da Amiloidose?

Os sintomas da amiloidose são frequentemente vagos e inespecíficos, o que pode dificultar o diagnóstico precoce. Os primeiros sinais variam dependendo dos órgãos afetados pelos depósitos de amiloide. Fadiga extrema e fraqueza inexplicada são sintomas comuns que afetam a maioria dos pacientes. Perda de peso sem causa aparente também é frequentemente relatada.

Quando a amiloidose afeta o coração, podem surgir sintomas como falta de ar durante atividades físicas leves, inchaço nos tornozelos e pernas (edema), e palpitações. Nos rins, o acúmulo de amiloide pode causar proteinúria (proteína na urina), resultando em espuma na urina e inchaço, principalmente nas pernas e tornozelos.

Outros sinais incluem neuropatia periférica, manifestada como formigamento, dormência ou dor nas mãos e pés; alterações gastrointestinais como diarreia, constipação ou alternância entre ambas; hematomas facilmente formados na pele (púrpura); e aumento da língua (macroglossia). A amiloidose também pode causar síndrome do túnel do carpo, caracterizada por dor e formigamento nas mãos.

O Que Causa a Amiloidose?

A amiloidose resulta de alterações na estrutura de determinadas proteínas que normalmente são solúveis no sangue. Existem vários tipos de amiloidose, cada um com causas específicas. A amiloidose AL (primária) é a forma mais comum e ocorre quando a medula óssea produz quantidades anormais de cadeias leves de imunoglobulinas, frequentemente associada a discrasias de células plasmáticas como o mieloma múltiplo.

A amiloidose AA (secundária) está relacionada a condições inflamatórias crônicas como artrite reumatoide, doença inflamatória intestinal ou infecções crônicas. Nesse tipo, uma proteína chamada amiloide A sérica é produzida em excesso durante processos inflamatórios prolongados.

A amiloidose hereditária ou familiar resulta de mutações genéticas que causam a produção de proteínas anormais, principalmente a transtirretina (ATTR). Essas mutações são transmitidas de pais para filhos, tornando a condição hereditária. Já a amiloidose senil ou relacionada à idade ocorre quando a transtirretina, mesmo sem mutações, se deposita nos tecidos com o avançar da idade, afetando principalmente o coração.

Existem ainda formas mais raras, como a amiloidose relacionada à diálise, que afeta pacientes submetidos a diálise por longo tempo, e amiloidoses localizadas, que afetam apenas uma parte específica do corpo.

Como a Amiloidose Afeta Diferentes Órgãos do Corpo?

A amiloidose é uma doença sistêmica que pode afetar virtualmente qualquer órgão do corpo. No coração, os depósitos de amiloide entre as células cardíacas tornam o músculo cardíaco rígido e menos eficiente, levando à cardiomiopatia restritiva e insuficiência cardíaca. Aproximadamente 70% dos pacientes com amiloidose AL apresentam comprometimento cardíaco.

Nos rins, o acúmulo de amiloide causa danos aos glomérulos, unidades de filtragem renais, resultando em proteinúria e, eventualmente, insuficiência renal crônica. O envolvimento renal é particularmente comum na amiloidose AA e afeta cerca de 60-80% dos pacientes com amiloidose AL.

No sistema nervoso, os depósitos de amiloide danificam os nervos periféricos, causando neuropatia sensorial e motora. Isso pode resultar em dormência, formigamento, dor ou fraqueza, geralmente começando nas extremidades e progredindo para outras partes do corpo.

No trato gastrointestinal, a amiloidose pode causar dismotilidade, má absorção, diarreia e, em casos avançados, sangramento. A infiltração do fígado por amiloide pode levar à hepatomegalia e, raramente, insuficiência hepática. O envolvimento do baço pode resultar em esplenomegalia e maior susceptibilidade a infecções.

A pele também pode ser afetada, com manifestações como lesões cerosas, púrpura e facilidade para hematomas, especialmente ao redor dos olhos (conhecido como “olhos de guaxinim”).

Quais Métodos de Diagnóstico São Utilizados para Identificar a Amiloidose?

O diagnóstico da amiloidose representa um desafio devido à variedade de sintomas e sua semelhança com outras condições. O processo diagnóstico geralmente começa com uma avaliação clínica abrangente e exames laboratoriais para detectar anomalias indicativas da doença.

A confirmação definitiva requer a detecção de depósitos de amiloide em biópsia de tecido. Os locais comuns para biópsia incluem a gordura abdominal, reto, gengiva e, quando necessário, órgãos mais diretamente afetados como rim, coração ou fígado. As amostras são coradas com vermelho Congo, que confere uma birrefringência verde característica aos depósitos de amiloide quando observados sob luz polarizada.

Exames laboratoriais específicos incluem eletroforese de proteínas séricas e urinárias, bem como imunofixação para identificar proteínas anormais, especialmente importante na amiloidose AL. A dosagem de cadeias leves livres no soro (ensaio Freelite) é crucial para diagnosticar e monitorar a amiloidose AL.

Exames de imagem como ecocardiograma, ressonância magnética cardíaca e cintilografia com pirofosfato são importantes para avaliar o envolvimento cardíaco. A medicina nuclear, particularmente a cintilografia com radiofármacos específicos para amiloide, tem se mostrado valiosa no diagnóstico da amiloidose ATTR.

Testes genéticos são essenciais para diagnosticar formas hereditárias da doença, identificando mutações específicas associadas à amiloidose familiar.

Quais Opções de Tratamento Estão Disponíveis para a Amiloidose?

O tratamento da amiloidose visa reduzir ou eliminar a produção da proteína precursora do amiloide, remover os depósitos existentes e gerenciar as complicações orgânicas. As abordagens variam conforme o tipo de amiloidose e os órgãos afetados.

Na amiloidose AL, o tratamento foca na supressão das células plasmáticas anormais que produzem as cadeias leves. Os esquemas terapêuticos incluem quimioterapia, inibidores de proteasoma (como bortezomibe), imunomoduladores (como lenalidomida) e anticorpos monoclonais (como daratumumabe). Para pacientes elegíveis, o transplante autólogo de células-tronco hematopoiéticas oferece chances de remissão prolongada.

Para a amiloidose AA, o foco é controlar a doença inflamatória subjacente. Anti-inflamatórios, imunossupressores e terapias biológicas específicas para a condição de base são utilizados.

Na amiloidose ATTR hereditária, medicamentos estabilizadores da transtirretina (como tafamidis e diflunisal) previnem a formação de fibrilas amiloides. Terapias com silenciadores gênicos, como patisiran e inotersen, reduzem a produção hepática de transtirretina, representando avanços significativos no tratamento.

O transplante de órgãos pode ser considerado em casos selecionados de falência orgânica avançada. O transplante hepático é particularmente relevante na amiloidose ATTR hereditária, pois remove a principal fonte de produção da proteína mutada.

O tratamento de suporte é fundamental em todas as formas de amiloidose e inclui medicamentos para insuficiência cardíaca, diálise para comprometimento renal, analgésicos para dor neuropática e intervenções nutricionais.

Este artigo é apenas para fins informativos e não deve ser considerado aconselhamento médico. Por favor, consulte um profissional de saúde qualificado para orientação e tratamento personalizado.